Bullying:
identificar e prevenir
Afeta quase 20% dos jovens
portugueses de 13 anos. Alunos, pais, professores e funcionários têm de se
envolver num plano contínuo de prevenção.
Quando a
intimidação é intencional e frequente sobre alguém que não provoca, mas é mais
vulnerável, física ou psicologicam ente,
fala-se de bullying. Dos insultos aos maus-tratos físicos, do isolamento ao
recente ciberbullying, pelo uso do telemóvel e da Net: as formas saltaram os
muros das escolas e dão nome à intimidação
entre adultos, no trabalho ou pela Internet, por exemplo.
O bullying
deixou de ser visto como “dores do crescimento”, normal entre miúdos, e ganhou
a atenção dos psicólogos, profissionais e sociedade. O Governo discute medidas
e a divulgação de casos é crescente, mas alguns especialistas apontam
diminuição.
O projeto
Convivência nas escolas, por exemplo, regista menos pedidos de ajuda do que no
arranque da linha de apoio a docentes, em 2006, garante o coordenador João
Grancho, em entrevista. Já Margarida Gaspar de Matos, psicóloga e investigadora
na saúde dos jovens, destaca um grande impulso na área da saúde escolar, que
abrange a prevenção da violência. Mas lamenta que não se tenha seguido uma
evolução, nem avaliações das medidas .
SINAIS DE
ALERTA
Identificar vítimas
Se o seu filho anda ansioso, deprimido e não
tem vontade de ir às aulas, pode estar a ser intimidado pelos colegas. Fale com
o professor.
Esteja atento aos sinais:
·
medo ou recusa em ir à escola, náuseas ou vómitos antes de sair;
·
criança angustiada, nervosa ou deprimida;
·
baixa autoestima, choro e pesadelos frequentes;
·
roupa e livros estragados, “perda” de objetos e dinheiro e
lesões injustificadas ;
·
mudanças nos hábitos alimentares, como diminuição de apetite.
Vítimas, agressores e grupo: triângulo de poder calado
Uma
educação superprotetora ou rígida está, muitas vezes, na base do perfil das
vítimas. São jovens inseguros e com dificuldade em fazer amigos, mas nem sempre
passivos. Quando contra-atacam ou tentam
resistir à agressão, raramente conseguem melhor do que provocar a escalada da
violência.
Já os
agressores, ou quem intimida os colegas, aprendem em casa que a força e a
humilhação são formas de lidar com os problemas e resistem mal à frustração.
Provêm de famílias desestruturadas , com
ambiente autoritário, e têm baixa autoestima e fraca supervisão pelos pais.
Também a violência na televisão e nos jogos pode incentivar o comportamento.
O grupo de
pares ou testemunhas podem encorajar o agressor e colaborar nas ameaças. Outros
protegem a vítima ou afastam-se sem se comprometer. As testemunhas, por vezes,
adotam comportamentos agressivos, ao perceber que estes
não são sancionados.
PREVENÇÃO
Guia para pais
Não
encoraje vinganças, denuncie aos responsáveis e articule esforços com a escola.
Ajude a desenvolver a autoestima da criança.
Incentive a
explorar uma atividade de que goste: uma modalidade desportiva, por exemplo. Se
for vítima, é melhor passar mais tempo com quem vive uma boa relação e fazer
novos amigos fora do ambiente escolar.
Ensine ao
seu filho como se proteger: dizer “não” ao agressor sem mostrar medo, ignorá-lo
e evitar oportunidades de intimidação, como ficar sozinho nos corredores e
balneários.
O agressor,
com comportamento antissocial, também precisa de ajuda. Os pais não deve m
partir para a ameaça, mas dar orientações e limites para controlar o
comportamento e expressar a insatisfação, sem magoar os outros. Encoraje-o a
pedir desculpa ao colega agredido, pessoalmente ou por escrito.
Em casa,
aconselhe o seu filho a agir e denunciar os casos mais graves.
Participe
ao máximo e mantenha o contacto próximo com os professores.
Escolas alerta
Maior
supervisão pelos adultos, sinalização de espaços menos seguros e vigilância são
ações a promover.
As
políticas de tolerância zero e castigo, seguidas
por muitas escolas, adiam o problema e podem provocar retaliações contra a
vítima. Na maioria dos casos, não há uma estratégia contínua de prevenção que
envolva alunos, professores, funcionários e pais. Atua-se só quando a situação
é denunciada ou mais evidente, perante marcas de agressão física, por exemplo.
Ações de sensibilização
Professores e funcionários
Não culpabilizar
É a melhor abordagem num caso de bullying. O professor pode falar com a vítima sobre as suas emoções, sem questionar diretamente quanto ao ocorrido, e conhecer os envolvidos.
Num
segundo passo, pode chamar-se à conversa os envolvidos, mesmo que apenas
observadores, num pequeno grupo. É decisivo explicar o problema e os
sentimentos da vítima: pode ilustrar com um texto, imagem ou filme. Mas não
discuta os detalhes do incidente nem culpe o grupo.
Peça
contributos em ideias para ajudar a vítima. Reforce que todos podem evitar estes
casos.
Postado por: Sónia Domingos Pedro