Para
auxiliar os portadores do daltonismo, deficiência visual relacionada com a
dificuldade em distinguir as cores, o designer português Miguel Neiva
desenvolveu um sistema universal de
identificação de cores que permite aos daltónicos superar
as dificuldades do dia a dia.
O daltonismo é uma perturbação visual resultante de uma mutação genética
recessiva (cromossoma X), para a qual não existe cura nem tratamento e que
afeta sobretudo os indivíduos do sexo masculino, cerca de 10% da população
masculina mundial. Dos cerca de 350 milhões de daltónicos existentes no mundo,
estima-se que apenas 2% sejam mulheres.
Enquanto um indivíduo com visão normal
consegue identificar cerca de 30 000 cores, um daltónico apenas consegue
identificar entre 500 a 800 cores.
Não existem “níveis” mas sim “tipos” de daltonismo, relacionados
com as confusões de cores de cada daltónico. Por exemplo, é frequente a
confusão entre vermelho e verde e/ou azul com verde.
Designado
como ColorADD,
este sistema consiste num código gráfico monocromático, sustentado em conceitos
universais de interpretação e desdobramento de cores, apoiando-se
nas cores primárias (vermelho,
azul e amarelo) e no seu consequente desdobramento para cores secundárias.
Às três formas que representam as três cores primárias, foram acrescentadas mais duas, o preto e o branco.
As imagens que identificam as restantes cores
(cores secundárias) resultam da junção dos símbolos das cores primárias
que lhes dão origem; para representar os diferentes tons (claro ou escuro), combinam-se
ainda os símbolos do branco e do preto.
Este conceito faz da adição da cor um jogo mental, em que o daltónico relaciona os símbolos entre si com as cores que representam, sem ter que
Alvo de grande interesse nacional e internacional, nomeadamente devido ao
seu caráter inovador e inclusivo, o sistema já está a ser utilizado a diversos
níveis: saúde (sistema de triagem de doentes no Hospital de S. João no
Porto; Anestes iologia do Centro Hospitalar de Lisboa, constituído pelos Hospitais de S.
José, Stº. António dos Capuchos, Santa Marta e D. Estefânia, fármacos
hospitalares), educação (provas de avaliação externa do ano letivo
2012-2013), transportes (Rede de Metro do Porto), marcas de tintas,
lápis de cor, têxteis, eficiência energética, entre
outras.
O ColorADD também já
tem aplicações disponíveis para smartphone e tablet.
O criador do código está ainda a preparar um dossier
propondo a adoção do ColorADD nos Jogos Olímpicos do Rio Janeiro em 2016.
Idealizado por Miguel Neiva dur ante a investigação para
o mestrado no âmbito do mestrado em têxtil industrial, foi desenvolvido e
aperfeiçoado pelo designer ao longo de oito anos, encontrando-se protegido após
registo da patente.
Na base do desenvolvimento do ColorADD estão
valores essenciais como a universalidade, a transversalidade e a inclusão.
Por oposição a sistemas como o braille, em que as cores se
escrevem de forma diferente de país para país, o ColorADD será igual em
todos os países.
Consultar: www.coloradd.net
Postado por:
Manuel José Sargaço
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