sexta-feira, 16 de agosto de 2013

ColorADD®, o código de cores para daltónicos



Para auxiliar os portadores do daltonismo, deficiência visual relacionada com a dificuldade em distinguir as cores, o designer português Miguel Neiva desenvolveu um sistema universal de identificação de cores que permite aos daltónicos superar as dificuldades do dia a dia.
O daltonismo é uma perturbação visual resultante de uma mutação genética recessiva (cromossoma X), para a qual não existe cura nem tratamento e que afeta sobretudo os indivíduos do sexo masculino, cerca de 10% da população masculina mundial. Dos cerca de 350 milhões de daltónicos existentes no mundo, estima-se que apenas 2% sejam mulheres.
Enquanto um indivíduo com visão normal consegue identificar cerca de 30 000 cores, um daltónico apenas consegue identificar entre 500 a 800 cores.
Não existem “níveis” mas sim “tipos” de daltonismo, relacionados com as confusões de cores de cada daltónico. Por exemplo, é frequente a confusão entre vermelho e verde e/ou azul com verde.
Designado como ColorADD, este sistema consiste num código gráfico monocromático, sustentado em conceitos universais de interpretação e desdobramento de cores, apoiando-se nas cores primárias (vermelho, azul e amarelo) e no seu consequente desdobramento para cores secundárias.
Às três formas que representam as três cores primárias, foram acrescentadas mais duas, o preto e o branco.
As imagens que identificam as restantes cores (cores secundárias) resultam da junção dos símbolos das cores primárias que lhes dão origem; para representar os diferentes tons (claro ou escuro), combinam-se ainda os símbolos do branco e do preto.

Este conceito faz da adição da cor um jogo mental, em que o daltónico relaciona os símbolos entre si com as cores que representam, sem ter que decorá-los individualmente.
Alvo de grande interesse nacional e internacional, nomeadamente devido ao seu caráter inovador e inclusivo, o sistema já está a ser utilizado a diversos níveis: saúde (sistema de triagem de doentes no Hospital de S. João no Porto; Anestesiologia do Centro Hospitalar de Lisboa, constituído pelos Hospitais de S. José, Stº. António dos Capuchos, Santa Marta e D. Estefânia, fármacos hospitalares), educação (provas de avaliação externa do ano letivo 2012-2013), transportes (Rede de Metro do Porto), marcas de tintas, lápis de cor, têxteis, eficiência energética, entre outras.
O ColorADD também já tem aplicações disponíveis para smartphone e tablet.  
O criador do código está ainda a preparar um dossier propondo a adoção do ColorADD nos Jogos Olímpicos do Rio Janeiro em 2016.
Idealizado por Miguel Neiva durante a investigação para o mestrado no âmbito do mestrado em têxtil industrial, foi desenvolvido e aperfeiçoado pelo designer ao longo de oito anos, encontrando-se protegido após registo da patente.


Na base do desenvolvimento do ColorADD estão valores essenciais como a universalidade, a transversalidade e a inclusão. Por oposição a sistemas como o braille, em que as cores se escrevem de forma diferente de país para país, o ColorADD será igual em todos os países. 

Consultar: www.coloradd.net

Postado por: Manuel José Sargaço